quarta-feira, julho 25, 2007

Mãe de vítima critica Lula em carta ao governo

Uma carta de desagavo de uma mãe que perdeu seu filho que merece ser
divulgada:

"Aos governantes e à família brasileira,

Perdi o meu único filho.

Ninguém, a não ser outra mãe que tenha passado por semelhante tragédia, pode
ter experimentado dor maior.

Mesmo sem ter sido dada qualquer publicidade à missa que ontem oferecemos à
alma de meu filho, Luís Fernando Soares Zacchini, mais de cem pessoas
compareceram. Em todos os olhos havia lágrimas. Lágrimas sinceras de dor, de
saudade, de empatia. Meus olhos refletiam todos os prantos derramados por
ele, por mim, por seu filhinho, por sua esposa, por todos parentes e amigos.
Por todos os sacrificados na catástrofe do Aeroporto de Congonhas.

Há muito eu sabia que desastres aéreos iriam acontecer. Sabia que os vôos
neste país não oferecem segurança no céu e na terra. Que no Brasil a
voracidade de vender bilhetes aéreos superou o respeito à vida humana. A
culpa é lançada sobre um número insuficiente de mal remunerados operadores
aéreos ou sobre as condições das turbinas dos aviões. Um Governo alheio a
vaias é responsável pelo desmonte de uma das mais respeitáveis e confiáveis
empresas aéreas do mundo, a VARIG, em benefício da TAM, desde então, a
principal provedora de bilhetes pagos pelo Governo. Que a opinião pública é
desviada para supostos erros de bodes expiatórios, permitindo aos ambíguos
incompetentes que nos governam continuarem sua ação impune. Que nossos
aeroportos não têm condições de atender à crescente demanda de vôos cujo
preço é o mais caro do mundo. Quando os usuários aguardam uma explicação, à
falta de respeito ao cidadão juntam-se o escárnio e a cruel vulgaridade de
uma ministra recomendando aos viajantes prejudicados que relaxem e gozem.
Assuntos de alcova não condizentes com a reta postura moral e respeito
exigidos no exercício de cargos públicos. Assessores do presidente deste
país eximem-se da responsabilidade e do compromisso com a segurança de nosso
povo exibindo gestos pornográficos. Gestos mais apropriados a bordéis do que
a gabinetes presidenciais. Ao invés de se arrependerem de uma conduta chula,
incompatível com a dignidade de um povo doce e amável como o brasileiro,
ainda alardeiam indignação, único sentimento ao alcance dos indignos.
Aqueles que deveriam comandar a responsabilidade pelo tráfego aéreo no
Brasil nada fazem exceto conchavos. Aceitam as vantagens de um cargo sem
sequer diferenciarem caixa preta de sucata. Tanto que oneraram e humilharam
o país ao levar o material errado para ser examinado em Washington. Essas
são as mesmas autoridades agraciadas com louvor e condecorações do Governo
em nome do povo brasileiro, enquanto toda a nação, no auge de sofrimento,
chorava a perda de seus filhos.

Tudo isto eu sabia. A mim, bastava-me minha dor, bastava meu pranto, bastava
o sofrimento dos que me amam, dos que amaram meu filho. Nenhum choro ou
lamento iria aumentar ou minorar tanta tristeza. Dores iguais ou maiores que
a minha, de outras mães, dos pais, filhos e amigos dos mortos necessitam de
consolo. A solidariedade e amor ao próximo obrigam-nos a esquecer a própria
dor.

Não pensei, contudo, que teria de passar por mais um insulto: ouvir a
falsidade de um presidente, sob a forma de ensaiadas e demagógicas palavras
de conforto. Um texto certamente encomendado a um hábil redator, dirigido
mais à opinião pública do que a nossos corações, ao nosso luto, às nossas
vítimas. Palavras que soaram tão falsas quanto a forçada e patética
tentativa que demonstrou ao simular uma lágrima. Não, francamente eu não
merecia ter de me submeter a mais essa provação nem necessitava presenciar a
estúpida cena: ver o chefe da nação sofismar um sofrimento que não
compartilhava conosco.

Senhores governantes: há dias vejo o mundo através de lágrimas amargas mas
verdadeiras. Confundem-se com as lágrimas sinceras e puras de todos os
corações amigos. Há dias, da forma mais dolorosa possível, aprendi o que é o
verdadeiro amor. O amor humano, o Amor Divino. O amor é inefável, o amor é
um sentimento despojado de interesse, não recorre a histriônicas atitudes
políticas.

Não jorra das bocas, flui do coração!

E que Deus nos abençoe!

Adi Maria Vasconcellos Soares

Porto Alegre, 21 de julho de 2007."

2 Comments:

Blogger Augusto Ferreira said...

Discordo de quase todos os argumentos de Adi Maria mas entendo e me sensibilizo pela sua dor.
Canalhas são os que salivam diante da dor de Adi Maria e dos demais familiares das vítimas ante o lucro político ao alcance de suas garras e presas.

1:22 PM  
Blogger Wellington R Costa said...

Sejamos realistas divis�o de cargos tecnicos atendendo criterios politicos gerou anacronismos administrativos.
Todos tiveram responsabilidades neste processo at� mesmo o gioverno e nos que estamos calados diante desta reparti�o politica do Estado para esta nova elite politica que envolve todos os partidos indistintamente.
O governo e Lula Tem cumpa sim, assim como as empresas que desejam maiores lucros, assim como aqueles que querem apenas um cargo no Estado sem estarem aptos a desenvolverem suas fun�es, assim como nos que estamos calados diante deste cenario absurdo.
Esta errado o goerno esta errada a oposi�o... se � que nos dias de hoje existe realmente uma oposi�o ou se vivenciamos uma realidade na qual individuos de varios partidos politicos est�o apenas fazendo seus lucros usando os recursos de nossos impostos e as propinas que obtem aqui e ali.

1:06 PM  

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