sexta-feira, julho 27, 2007

Uma Mãe e um teatraplegica matratadas na Infraero

    Ana Mae Barbosa uma fantastica especialista em arte educação sofreu nas mãos dos demandos da INFRAERO...
    Agora sabemos como os portadores de deficiencia são tratados , são obrigados a pagar 9 passagens, mesmo que somente usem uma.
    Mai uma faceta do Caos Aereo....
 
 
Palavras Para desabafar escrevi este texto e quero que meus amigos e amigas o
leiam.
INFRAERO: total desgoverno

O desgoverno da Infraero invadiu até o posto de saúde por eles mantido
no aeroporto de Guarulhos. Nestes tempos em que passageiro é inimigo à
vista imaginem os leitores a ameaça que representa uma passageira
tetraplégica, sem fala e se alimentando por sonda para as jovens da TAM
despreparadas para tratar com o público sofredor como vimos na tragédia
do dia 17 de julho que uniu em desespero Porto Alegre e São Paulo. A
impressão que nos dá é que a preparação do pessoal de terra das
Companhias de aviação se resume a cuidar dos cabelos e da maquiagem. No
dia 2 de julho viajei com minha filha, com as seqüelas de um AVC
descritas acima, para o Hospital Sarah de Brasília.

Depois de vários encontrões em sua cadeira de rodas perguntei a uma das
bem penteadas jovens se não havia um lugar mais resguardado para
esperarmos a hora do vôo. Ela nos encaminhou para o Posto de Saúde da
Infraero. Cinco pessoas conversavam animadamente lá dentro do pequeno
espaço. Duas vestidas de enfermeira imediatamente se levantaram para
barrar nossa entrada. Reagi e entrei sob protesto, apupos e desaforos do
animado grupo. Chamaram os seguranças. Quando eles chegaram os
impropérios contra mim aumentaram. Disse para um dos seguranças:

-O senhor esta vendo o que estão fazendo comigo? Ele respondeu:

-Eu não estou vendo nada, a senhora feche a boca. Fechei, mas não sai
do Posto de Saúde. Na ânsia de me ofenderem chegaram a dizer que me
filha estava doente por causa da maldade da mãe. As agressões foram
tantas que na frente dos seguranças eu disse à mais histérica:-Você está
me agredindo para ver se eu perco a calma e bato em você para os
seguranças me prenderem . Não adianta, nunca bati em ninguém. Aí ela
redobrou os desaforos. - Venha que eu quebro sua cara, disse. Foi este o
tom do tratamento que recebi. Consegui um formulário de reclamações e
para preenchê-lo fui ver os nomes das três mais ferozes mulheres. Elas
deram gargalhadas, esconderam e retiraram posteriormente os crachás
ridicularizando de mim. Quando fui entregar o formulário no serviço de
informações a moça mandou que eu o colocasse dentro de uma urna que
poderia ser aberta por qualquer um. Quando argumentei isto ela riu de
mim e disse ironicamente:

-Espere pela resposta.

Claro que não houve nem haverá resposta.

Aliás, no Posto de Saúde não havia médico nenhum quando entramos.
Depois de uma hora, ao sairmos, o Posto estava deserto. Apenas um jovem
que não estivera na briga me ajudou com minha filha na cadeira. Avistei
de relance numa das salas um homem com aparência de médico lendo jornal.
Até o Posto Médico da Infraero é sacrificado pelo empreguismo, pelo
despreparo, pela preguiça, pela má vontade de funcionários que cometem
violências verbais contra os passageiros e os ameaçam chamando
seguranças .

Li nos jornais, com alívio, que vão demitir o diretor da INFRAERO.

Tem mais, desta vez sobre as empresas aéreas. Dizem que existe uma lei
que obriga os tetraplégicos a viajarem de avião em maca, pagando nove
passagens, pois a maca vai montada em cima de nove poltronas. É terrível
o embarque. Quando preciso levar minha filha para o Sarah de Brasília
entro em pânico, pois ninguém tem experiência em montar a maca ou
transporta-la para dentro do avião o que é feito pelas escadas e não
pelo finger. Ela já havia viajado duas vezes na poltrona, indo na
cadeira de rodas pelo finger , antes de descobrirem esta Lei que ninguém
me diz o numero nem onde encontrar o texto.

O curioso é que na terça feira, dia 24 de julho, voltando de Brasília a
TAM cancelou nosso vôo das 9,10. Teríamos que esperar até 10,40 para
tentar outro, mas tinha vaga no avião das 8,30 se ela fosse na poltrona
porque não havia tempo de montar a maca...Ela veio sentada de modo muito
mais confortável do que na maca embora tenha pago as nove passagens. É
uma vergonha e um assalto ao bolso dos passageiros com necessidades
especiais.

Ana Mae Barbosa