sábado, junho 24, 2006

Dialogo: Solidão, Virtualidade e Carinho

MEU GURI,
ÀS VEZES TAMBÉM ME BATE ESTE SENTIMENTO DE SOLIDÃO, MESMO ESTANDO COM ALGUÉM, ACHO QUE NÓS, ARTISTAS, SEMPRE IREMOS ANDAR DE MÃOS DADAS COM UMA PONTA DE ANGÚSTIA E EM ALGUMAS VEZES NOS SENTIMOS MUITO SÓS, E ENCONTRAR ALGUÉM QUE NOS DÊ CARINHO E ATENÇÃO, MESMO QUE SEJA ASSIM, NO MONITOR DE UM COMPUTADOR, NOS AQUECE O PEITO E ALENTA O NOSSO ESPÍRITO. NÃO AGRADEÇA O MEU CARINHO, ELE FLUIR COMO REFLEXO DO TEU POR MIM.
BEIJOS,

 

Minha solidão é um pouco mais antiga e profunda; mais atávica... filho único, quando nasci o mais jovem de minha geração tinha 32 anos e por 16 anos ninguém mais nasceu. Deveria ser mimado por ser filho único, mas em muitos sentidos não fui... sigo só a tantas eras: cinemas, teatros, restaurantes, passeios solitários, arte, literatura, etc... ninguém para dividir isso tudo... às vezes acho que sou tão só por culpa minha, de minha inadequação a muitas coisas deste mundo... Sublimava-me no afeto virtual que obtinha pelo monitor, como vc mesmo comenta... mas tal se reveste , pro vezes, de um manto frio e impessoal inerente a tal meio de comunicação e eu sigo realisticamente só, embora na virtualidade haja afeto e carinho... mais tais virtualidades por vezes me soam como se fossem: ilusões na madrugada gelida... ilusões descartáveis, as quais serei descartado depois de atender as necessidades de quem me comunico... te explico, porque sinto assim: estive muito doente da vesícula e como comentei de fato morri e fui trazido de volta a vida... e os que eu apoiei virtualmente e acompanhei em momentos muito difíceis me fecharam as portas ate mesmo virtuais em meu mal, em minha dor, em minha morte e em meu renascer para a vida... nada cobrei  deles , não me pareceu digno faze-lo... aceitei a unilateralidade do que fora, mas perdi um muito da ilusão que possuía acerca da validade virtual dos contatos humanos... Por isso o reflexo de seu carinho por mim me é caro, pois em muitos sentidos exorciza um certo que amargo, que as vestes de minha solidão se revestiu diante de tanta indiferença quando eu estive até mesmo morto e renascido...

Beijos para ti...

domingo, junho 04, 2006

cotidiano

Segunda-feira: atendendo a pedidos trabalhei em casa... engraçado o que foi alegado não ocorreu... achei estranha a situação, mas captando murmúrios deu para ter uma idéia de alguns aspectos... não perderei tempo com isso tenho muito mais o que fazer.
Terça-feira: trabalho... projetos em andamento, despachando com o chefe... andar e andar... casa, comer dormir, prosear na net. Agendar em 2 horas 5 reuniões.
Quarta-feira: Trabalho e Teatro Julia Bergmann para a estréia da montagem "Alto-Falante"... ual que montagem fantástica com aspectos contemporâneos e comedia de costumes com duas atrizes fantásticas e talentosas... Papos... carona de emergência final e chego ao metro as 00:00 horas.. pego o ultimo trem.
Quinta-feira: trabalho...uma reunião para articular um novo projeto de cinema ... fico feliz meu setor ganha um novo colaborador... não me sentirei assim tão só e perdido como um estranho no ninho... Fico mais feliz ao saber que aquela artista mágica dona daquele lugar mágico conseguira realizar seus sonhos e se lembrou de mim...senti uma rejeição das bravas de um grupo do qual eu prezava... fui aceito e bem tratado por outro grupo... dancei muito na aula de dança... estranho, eu notei onde mesmo estão meus iguais desta vez e nada farei para ser aceito, pois não vale a pena mesmo.
Sexta-feira: trabalhando em casa em textos... o chefito liga falando sobre a rejeição, pelos céus é bom trabalhar para alguém detentor de tal humanidade e consideração...fiquei emocionado por tal zelo... isso me deixa feliz... Na quase madrugada, saio, bebo, danço, beijo... fazia tempo que outros lábios não se aproximavam dos meus... foi bom... mas como sempre momentos tristemente descartáveis... volto e danço mais , em casa as 4 da manha... ainda me lembro do nome dos lábios que beijei... mas sei que para tais lábios fui sensações descartáveis e irrelevantes... que mundo estranho no qual até nossos lábios e por vezes corpos soam como objetos de uso e descarte... mas eu sabia as regras do jogo e o aceitei então sem lagrimas ou lamurias de meu coração solitário a espera de amar e ser amado... mas como diz a musica: "cigarras, cantos, colos, ninhos um pouco de calor... sou um homem tão sozinho , mas que brilha mesmo assim...
Sábado: mais trabalho, textos, pesquisas, analises criação do boletim... 18:30 Teatro Fabrica ... vejo a montagem "Memória das Coisas" que teatro de ótima qualidade, contemporâneo sem duvida e metalinguagem, pois uma critica a contemporaneidade esta embutida... vejo minhas memórias correrem soltas, vejo uma elegia embutida a cidade que eu tanto amo, vejo a critica da morte de alguns sonhos... Emocionei-me... Saio do teatro... pouco tempo ate a hora da nova peça... Passo em uma padaria compro pão francês e coca cola... não sei porquê estou com esta mania de comer tanto pão assim. começou do nada em minhas andanças pela cidade e assim o fiz, comi pão e coca... belo jantar de um paulista com pouco tempo. Volto ao teatro. fila, reencontro um diretor conhecido o cumprimento... converso com o pessoal do teatro sobre o projeto do Congresso de Teatro, ficaram animados... contatos sérios durante a semana... Via Peça "Na pele de Josef k" muito interessante montagem contemporânea com ótimos atores e uma direção criativa... mas em algumas partes o texto estava longo demais quebrando o ritmo da peça, se fosse cortada seria uma obra prima... mas coitado de quem disser a um autor que ele precisa cortar seu texto um pouco, é criar um inimigo mortal por umas 5 gerações... mas gostei da peça... semana que vem , vou repetir a dose e pegar duas peças assim casadas , mas uma vai seguir pela madrugada adentro.
Domingo: e-mails de trabalho, aguardando um projeto que não chega, textos e mais textos e trabalhando no boletim, concertar a luz... sair comprar cigarro, comer uma fatia de pizza, prosear pela net bobagens, dormir.

mero telegrafo de uma semana normal.